sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Solução política na Agricultura não resolve questão moral


O novo ministro da Agricultura, antes mesmo da posse no ministério mergulhado em denúncias e alvo de inquérito da Polícia Federal, apressou-se em avisar que “faxina” não é com ele. Mendes Ribeiro promete cuidar de entender logo as questões da Agricultura, com as quais tem pouca familiaridade, e de “falar de números” e “olhar para frente” – como explicou, assim que aceitou a nova missão.
Deixa, assim, de lado a resposta moral que deve ser dada para graves acusações de desvios, aparelhamento e fraudes na pasta que passará a comandar a partir de segunda-feira. Transfere tudo para os “órgãos de investigação”, sem mais satisfações a dar.
O episódio da demissão de Rossi foi digerido de maneira surpreendentemente rápida pelo meio político  em Brasília. É que todos se livraram de problemas de grande porte: Dilma, de ter de explicar o tratamento diferenciado entre PR e PMDB; Temer, de ver um afilhado seu sangrando em praça pública e de ser direta ou indiretamente atingido por acusações; e Rossi, que sai do foco das denúncias e do crivo implacável da mídia.
Atendendo uma vez mais à conveniência política, o PMDB fez rapidamente a substituição, e do agrado da presidente Dilma. Apressou, assim, o desfecho do episódio da Agricultura – uma amostra eloqüente de que os políticos continuam hábeis e ágeis em encontrar saídas para salvar a própria pele, mesmo pagando algum preço, mas jamais arriscando sua sobrevivência.
Isto é, solução política houve. Resposta moral, não.
Chistina Lemos

Nenhum comentário:

Postar um comentário